sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Aos bostas

tudo que é, é.
como pode-se negar isto?
absurdos, arrogantemente
carregados de estupidez.
todos erram, mas
a ignorância não está na falta de estudo, ou
na de condição financeira; é como um carma
que lhes acompanha e vocês não percebendo-o,
ele jamais será sanado, pelo contrário, ele cresce,
perdura, por esta e outras vidas que virão.
então, olhem para seu órgão excretor, lembrem-se
que todo mamífero tem um igual, ou diferente, mas tem; e
vocês não precisam ser o dejeto que ele defeca; sejam o próprio
anus, não a merda que ele caga!

atenciosamente,

Duka Souto

Poucos

por acaso, estive um dia
num canto, desconhecido
parecido com outro tempo
tão antigo, secular.

já existia a cachaça
a boêmia, a arruaça
malandragem, animação
a poesia, o repente
eram do cotidiano
no empirismo do verso
não existia o complexo
mas esse tempo foi passando.

e hoje o crítico-ser-social
se enxerga, tal como o marginal
da massa manipulada
anda em grupos isolados
poucos, pacíficos, porém bem armados
munidos pelas vertentes da arte
espalhando idéias boas
somando sempre, nunca a toa
fazendo apenas a sua parte.

Duka Souto

Às putas...

eu escreveria um verso
para a estrada sinuosa
ou pra moça, lá da frente
e sua face formosa

escolhi fazer só verso
simples como o papel
cru, fino e seco
iluminado como a rua
e escuro como um beco

vazio que nem bambu
lotado que nem buzão
pesado que nem bigorna
e tão cheio que chega esborra
mas voa que nem Azulão

um verso feito a noite
na espreita, no açoite

um verso feito o dia
tão volátil quanto éter
e com cores derretendo
como em pura lissergia

um verso feito a tarde
o dourado do sol arde
e na chegada do luar
o azul da noite invade
com estrelas cintilantes
e os sorrisos das moças dançantes
pela noite a trabalhar.

Duka Souto