sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Sobre Datas

Voltarei a datar
Os dizeres da minha alma
As palavras do meu amor
As saudades que irei contar
As cores que irei pintar
As imagens a descrever
As lembranças
Os passos, as danças
Os derramares, dos mares
Ao sol nascer

Rio, 14 de Fevereiro de 2020, Sta Terê. Vista Alegre.
               
                        Duka Souto

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Vaga

Vaga pela madrugada
tudo que me traz saudade
noites de outono
regadas a vinho
bom som de vinil
acompanhado do calor dela

Vaga pela madrugada
a saudade de pisar
no chão de taco
e andar espirrando
o chão frio
a cozinha apertada
as panelas de tampa de vidro
a ausência de carnes terrestres
no meu cardápio
de casa

Vaga pela madrugada
o grito desse silêncio
imerso na saudade
da primavera de uma flor
apenas uma
que todos os dias
abriu-se bem como os olhos
e fechou-se quando cansou do dia
mas tornou a florescer-se
dia após dia
na cor vermelha
e apenas ela
nesse lembrar
a via.

Duka Souto

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Amor e prata.

O tempo passa,
a prata escurece, e
por debaixo da oxidação,
é onde ainda reside,
o belo, o brilho, a riqueza,
a simples, porém eterna,
a prata.
Ela é como um amor.
Mesmo depois, mesmo
tendo-se distanciado,
tendo ficado longe dos olhos,
longe dos ouvidos,
do olfato, do tato;
ele, é tão brilhante,
tão simples, rico,
belo, eterno.
Apenas amor.

Duka Souto.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Quarta de Cinzas.

Eu a retornar,
numa alvorada de quarta.
De frente pro sol,
de farol a farol, da Barra a Itapuã.
meu amuleto,
meu dialeto, meu talismã.
Dessa sereia,
e o dia incendeia-me
pra ser poesia.
No instante presente,
enquanto desejo ao todo,
é que recebo do todo,
também um bom dia.

Duka Souto

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Nostalgia

Escorre
o vento
molhado
o suor
refresca
e a pele
sorri
a graça
da brisa
com a nostalgia
das madrugadas.

Duka Souto

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Meu Pernambuco

olha em frente, vê
tanta gente passando
e em cada passada saudosa
clarins vem junto tocando
anunciando à multidão
a pressão do som
acelerando o coração
é porreta, meu bom
fecho os olhos me pego
no passo do mameluco
to com saudades, não nego
meu carnaval, meu Pernambuco.

Duka Souto.

Serena

quando o poeta acorda seco
mesmo tendo sonhado ser poesia
sente-se encurralado num beco
daqueles que ninguém saía
no escuro, no breu, no preto
sem saber da luz do dia
então dele brota um verso
simples, nem côncavo ou convexo
e um brilho vem lhe clarear
nascendo um novo poema
olhos que misturam céu e mar
e o sol esquentando a cena
pondo-se de novo a sonhar
com os lábios da moça serena.

Duka Souto.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

S.a.turno

ela diz que está juntando dinheiro
para comprar um terreno em Saturno.
e minhas asas de anjo noturno
pairando num vôo leve, maneiro
a voar pelo mundo da lua
iluminado pelo sol distante
gravitando em torno da terra
observo seus anéis planetários
rodeando a mesclada esfera
escrevendo o pensar solitário
sonhando acordado com ela.

Duka Souto

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Poesia

Tem gente, que não compreende a poesia
e acha tudo uma babaquice sem tamanho.
Mas não enxerga, na verdade que a tolice;
é não saber, como agir, com algo estranho

Se algo esse, ainda, era chato na escola:

_Porra nenhuma, merda de literatura!
Isso é viagem de quem não tem o que fazer!
Não dá dinheiro, não está à minha altura!
O que preciso mesmo é comprar, e me vender!
Pra me sentir alguém, se alguém pedir esmolas!

Talvez por que conhecimento trabalho
e a preguiça, gera a reprodução
da fala fácil, que a massa adora tanto
e se escraviza nessa falta de expressão.

Duka Souto

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Aos bostas

tudo que é, é.
como pode-se negar isto?
absurdos, arrogantemente
carregados de estupidez.
todos erram, mas
a ignorância não está na falta de estudo, ou
na de condição financeira; é como um carma
que lhes acompanha e vocês não percebendo-o,
ele jamais será sanado, pelo contrário, ele cresce,
perdura, por esta e outras vidas que virão.
então, olhem para seu órgão excretor, lembrem-se
que todo mamífero tem um igual, ou diferente, mas tem; e
vocês não precisam ser o dejeto que ele defeca; sejam o próprio
anus, não a merda que ele caga!

atenciosamente,

Duka Souto

Poucos

por acaso, estive um dia
num canto, desconhecido
parecido com outro tempo
tão antigo, secular.

já existia a cachaça
a boêmia, a arruaça
malandragem, animação
a poesia, o repente
eram do cotidiano
no empirismo do verso
não existia o complexo
mas esse tempo foi passando.

e hoje o crítico-ser-social
se enxerga, tal como o marginal
da massa manipulada
anda em grupos isolados
poucos, pacíficos, porém bem armados
munidos pelas vertentes da arte
espalhando idéias boas
somando sempre, nunca a toa
fazendo apenas a sua parte.

Duka Souto

Às putas...

eu escreveria um verso
para a estrada sinuosa
ou pra moça, lá da frente
e sua face formosa

escolhi fazer só verso
simples como o papel
cru, fino e seco
iluminado como a rua
e escuro como um beco

vazio que nem bambu
lotado que nem buzão
pesado que nem bigorna
e tão cheio que chega esborra
mas voa que nem Azulão

um verso feito a noite
na espreita, no açoite

um verso feito o dia
tão volátil quanto éter
e com cores derretendo
como em pura lissergia

um verso feito a tarde
o dourado do sol arde
e na chegada do luar
o azul da noite invade
com estrelas cintilantes
e os sorrisos das moças dançantes
pela noite a trabalhar.

Duka Souto

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Primaveras passadas.

quando o olho
para meu jardim
lembro das primaveras que passaram
flores o coloriram
depois murcharam
deixando pétalas secas
sementes
mudas frondosas
orquídeas
lírios
jasmins
suculentas
e vermelhas-rosas.


Duka Souto



Meu amor.

tive tempo e espaço
para esquecer
para não sentir
tempo pra seguir
acalmar a alma
pra dar força ao riso
tudo bem preciso
hoje aqui escrevo
meu amor por mim
o amor de sempre
o amor sem fim.

Duka Souto

Ferida

um risco
na pele, um traço
um corte,
o vermelho desce
e escorre
depois enrijece
e seca
assim com a brisa
coça um pouco depois
cicatriza.

Duka Souto

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Olhos

Pensem em algo doloroso
não é quando chega o fim
ou quando a expectativa
vira ao contrário;
é quando o silêncio dura
a coragem não vence o receio
e o receio leva à fuga.
fugindo, nunca saberemos os fatos
a recepção deles
os olhos.
Mesmos olhos que enquanto dura
o silêncio, nunca calam.

Duka Souto

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Post-e

O poste que ilumina
toda a rua;
o poste que clareia
as idéias;
o poste que ilumina
toda a praça;
e a menina que brinca nela.

A idéia, a vestir
a alma nua;
a nuance da luz
na atmosfera;
o verso do olhar
cheio de graça;
e a graça, do olhar
pela janela.

Quem dera,
a primavera em um olhar;
a olhar,
no meu olhar,
quem dera;
o poste,
pra iluminar a praça;
e a praça,
pra a menina,
brincar nela ;

Rodrigo Chagas Daltro & Duka Souto 

domingo, 12 de maio de 2013

Irmão Primeiro (ACRÓSTICO)

N inguém é, nem chega perto de tu pra mim
I nigual, irmão mais velho
C úmplice de peripécias
K abra danado de boa gente

S empre cuidando de quem ama
A mor sentido à poucos
I nconfundível, único, Ele
K arente eternamente
E ainda por cima auto-suficiente
R egistro meu amor por Ele.

Duka Souto

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dia chuvoso.

O bate-bate do martelo
na parede
e a boca seca
a reclamar de sede
chuva caindo
vento molhado correndo
vozes falando
pensamento em verso escorrendo
mente a fervilhar
gargalhadas verdes
dor de riso no maxilar
a poeira da reforma a incomodar
mas a preguiça quer deitar na rede

Duka Souto

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Cumprido

Adoro a zuada do vento no cabelo
cumprido, o som se realiza
e me acalma

Quando não tenho cabelo
e as orelhas ficam ao vento
brota em mim a inquietude
a cada brisa que passa
um grito de vento
acelera meu pensar
diminui meu tempo
e tudo fica onde está.

Duka Souto

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dizeres

Se deveras soubesse do fim do mundo,
deixaria a matéria de lado;
sonharia, pra sempre, acordado;
a harmônia seria meu plano.

Estaria dentre o corte,
em ação, mediando os pensares
os conceitos, aceitando
a loucura e a razão
sem importar-me, com virtudes
nem defeitos;

Saberia seguir sob os mares
a remar, rumo aos não-lugares
numa embarcação de piratas
fugitivos do mundo e seu fim
num conjunto dos loucos de mim
entorpecidos de verbo e palavras
foto-grafiadas, furtadas
a furtar da estação das flores
o arôma, a textura, a beleza
o sabor, o amor e as cores;

Deixaria ao final do meu mundo
todos meus gritos mudos, escritos
os rabiscos que à óleo pintei
e a certeza, do lembrar que sou isto.

Duka Souto

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Do Agora

Mas falar de que?
Se não do agora;

Que o presente
deu de presente,
como um bouquet
num recipiente,
para enfeitar as horas.

Uma flor a sorrir
um sorriso maroto,
de inocência e malícia

Aonde era neve
hoje a água faz café
beira de praia
sol da Bahia
_Axé!!!

Duka Souto

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Apenas

Apenas vivo
para ser concreto
nesse meu mundo abstrato
no meu silêncio
de peito aberto
a foto-grafiar, fatos;
para reunir-me
a outros seres de concretude
na busca de abstrair tristezas
desconstruir fortalezas
sempre primeiro
as que mesmo construí
Apenas vivo,
para amar e sorrir!

Duka Souto

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Aquoso

Queria somente dizer
do silêncio em meu peito guardado
do calor passional, aquoso
que me toma se estás ao meu lado

Dessa forma bem descomedida
olho e vejo-me em teu ser
talvez, saiba até como funciona
eu desejo, quero sempre te ver
ter a ti caminhando ao meu lado
ver-te adormecer aos meus braços
desenhar-te, descobrir teus traços
de maneira que não aprisiona

Nesse verso de desembaraço
que expresso, meu apreciar
é que visto a grafia, do fato
na calada voz, chego a gritar
afirmando ao Sideral Espaço
peço aos santos, para tu ficar!

Duka Souto

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Poucas Palavras

eu canto
pra enganar a tristeza
e escrevo
para ouvir a alma
os versos
trazem a sutileza
a beleza
silencia a fala
o silêncio
faz ouvir o vento
o instante
em que o tempo para
desenho
o meu sentimento
unido por poucas palavras

Duka Souto