segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nunca...

Nunca, é muito tarde...
e foge dos princípios...
pois só o que é perto, arde...
invade os sentidos...

Nunca, é tão distante...
que o perto, desaparece...
embreaga o belo, o infante...
toda noite, então, amanhece...

Nunca, é o contrário...
o oposto pólo do eixo...
fica no imaginário...
o que penso, contudo deixo...

Nunca, existirá nada...
capáz de nunca ser...
nunca, será a morte...
nunca deixe de viver...

Duka Souto.

sábado, 15 de agosto de 2009

Comia-se a noite,
naquela tarde, ensolarada
de chuva, na janela
d'um quarto sem janelas...
E numa quina, bem dobrada
ouvia-se a noite
gritando pro dia:
Podia ter sido, de madrugada
Quem sabe? outra hora...
Senhora... tão nua
Lua de sorriso
preciso ir, não fique
salpique de estrelas
belas brilhantinas
e a noite... calada...
pincelando rimas.

Duka Souto.

domingo, 9 de agosto de 2009

Virtude...

A poesia virtude dos bôbos.
Retiram a própria cabeça da forca,
Como as palavras saltitam da boca,
Conquistam rei e o rebanho dos tolos...

Com versos simples, encantando a todos,
Vão recitando, as histórias mais loucas.
Contam que os cordeirinhos são lobos,
E arrancam suspiros das jovens moças.

Ora... contudo são poetas tristes
Que vivem sempre a desejar a morte.
No bote, a cada verso que persiste...

Dão sua alma quando tiram a sorte,
Mesmo perdendo mostram que existe...
Também nos fracos, algo bom e forte.

Duka Souto.
10 de agosto de 2009.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Brincadeirinha...

pinto aqui sentado na cadeira
uma versão derradeira
dum poema inexistente...

louco como uma longa bebedeira
e uma puta cachaceira
embolando num repente...

beata na festa da padroeira
ao lado da macumbeira
rezando e dando as mãos...

oração que se ora por inteira
cada um da sua maneira
seja branco ou tição...

o vão dessa mente inconsequente
se separa com um traço
que ninguém consegue ver...

e o laço se desfaz na tua frente
surgindo no embaraço
e o que eu tento dizer...

é coisa boba sem explicação
é viagem de doidão
que hoje ainda não fumou...

mas vive a se perder na imensidão
nas palavras o tesão
cada verso que indagou...

mas traga o cigarro pra janela
pra não incomodar ela
com a catinga da fumaça...

e faça numa folha amarela
coberta de aquarela
um cajú virando passa...

se olha a lua toda prateada
com a boca arreganhada
cara de abestalhado...

pegando o pandeiro na embolada
numa rima bem quebrada
o som fica arretado...

eu posso passar a noite todinha
com essa brincadeirinha
de rimar visse doutor!?

mas tenho que sair mesmo agorinha
por que tem gente na linha
querendo o computador.