segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pensamentos...

Um dia pensei...
a primavera é para sempre...
foi então que de repente...
em mim chegou o inverno...
branco e frio como o Ártico...
seco e sem muita vida...
como o deserto...

Foi então que reparei...
o meu outro pensamento era incorreto...

Para o tempo e o amor...
sempre ande aberto...
para que lágrimas escorram...
pisque os olhos...
ou destrua o amor de alguém...
ou...
despetale seu próprio amor...

É pior que chegar...
no dia da morte sem notar...
que a sua primavera...
nunca chegou...

Duka Souto

Verso Detrito

queria gritar o meu nome bem alto...
num salto enorme... 
voar e sumir...
queria escrever o meu nome no asfalto...
foi noutro passado... 
mas já consegui...
gritei o meu nome...
tão alto em silêncio...
que tudo por dentro...
pois-se a derreter...
gritei o meu nome...
com o som do atrito...
do verso detrito...
que acabo de escrever...

Duka Souto

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Gastrite

E tudo me dói
por dentro...
meu corpo...
minha alma...
meu centro...
uma ação e...
cabum!!!
tudo pode mudar...
mais um pouco de dor...
menos muito de amor...
mais ou menos isso...
parece fácil, não é?
pois é!!! nada disso...
ponha-se no meu lugar...
sinta o que eu não estou sentindo...
dói...
mastiga, a gente por dentro...
meu corpo...
minha alma...
meu centro...

Duka Souto

domingo, 11 de setembro de 2011

Enquanto escorre.

andam os segundos...
enquanto escorre, ...
por entre os dedos, ...
o tempo, muda o agora...
e a hora, que ora é lenta...
tingiu o amor de magenta...
deu às flores, seus furta-cores...
melou de azedo-verde o limão...
lambuzou de dourado-ouro o mel...
que brilhou como o sol da manhã...
prateou, o negrume da noite, com a lua...
e manteve invisível, a cor da tua alma nua...
enquanto escorre...

Duka Souto

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Infinito

Necessito dum verso que...
diga meu nome...
e diga pra onde...
Eu devo seguir...

Preu ir ao além...
do ninho do verso...
Eu peço, o silêncio...
das almas que gritam...
a velocidade das pedras...
que ficam...
apedrejam paisagens às margens do rio...

O fio, tecido por tais oito patas...
e a palavra tecida...
pelas oito letras...

Duka Souto

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vê...

Vê...
      o...
         adormecer...
                          da flor...
Vê...
 o...
    orvalho...
                gotas...
               a...
     formar...
pelas...
        brechas...
Vê...
      molhar...
escorrer...
e...
   o...
      ser...
           relaxar...
Descolando...
                   o ar, ...
o Amor...
faz...
     no frio, ...
                calor sentir...
e...
   se doer...
               ele...
                     faz - nus...
                  rir...
Vê...
     os corpos, ...
                       num...
                    ...humano laço...
pra sair...
          pra chegar...
no compasso...
           tem que ir...
Vê...
      se deixar...
flutuar...
        pra saber...
esquecer...
         tente...
ao menos...
        tentar...
descobrir...
        como é...
   o...
      Sentir...

Duka Souto

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe


Mãe...

Pra tudo que é Mãe...
Já tem um poema...
pra Mãe que é grande...
Também pra pequena...
Pra aquela Mãe séria...
Para a Mãe Palhaça...
Pra Mãe que é Bruxa...
Pra Mãe que é Beata...
Poema de Mãe...
coisa que não falta...
é Mãe que estréia...
de primeira viagem...
é Mãe que é Biza...
e haja bagagem...
Tem Mãe tatuada...
Tem Mãe que tatua...
Tem Mãe que é minha...
Tem também a tua...
Tem Mãe que é Cumprida...
Tem Mãe de Iago...
Tem Mãe de Miguel...
Tem Mãe de Francisco...
Mãe de Deus do Céu...
Até Mãe de Bicho...
Mãe fotografista...
Mãe cineasta...
Mãe equilibrista...
Mãe acrobata...
Mãe cozinheira...
Mães executiva...
Mãe enfermeira...
Mãe alternativa...
Tem Mãe que é menina...
Tem Mãe oradora...
Tem Mãe Cajuina...
que é Cantaroladora...
Tem Mãe de Criação...
Mãe que é Madrasta...
Tem Mãe que é toda concrética...
Mãe que já é abstrata...
Mãe de 15 filhos...
Mãe de um filho só...
Mãe que foi pro exilio...
Mãe massa de Cabrobó...
Mãe é Mãe isso eu digo...
e não há quem então discorde...
Mães são tudo de bom...
e só é Mãe quem pode...
pois toda Mãe tem um dom...
e um coração que nunca explode...

Duka Souto

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Curto

Todo...
verso curto...
soa como um pulso...
unitário...
avulso...
segue adiante o curso...
todo...
verso curto...

Duka Souto

sábado, 19 de março de 2011

Para-fuso-com-para-fuso

Parafuso...
       ....o fuso para...
o tempo
         para...
                   o mundo todo...
          se repara...
                 em para-fuso...
     mas se dé-para!
         com fuso, e abstrato se
                         separa...
Paro o fuso...
                     no momento....
            meu tempo...
                  diz-para,
                                para onde?
                     di-fuso...
                         onde o fuso...
                                           para?
          Quando para o fuso...
                   ouço mesmo surdo...
                               tudo se...
               ...com para;
           Cala, grito mudo
           fala, absurdo...
          com-fuso pára.

Duka Souto 2007

terça-feira, 1 de março de 2011

Celebrar...
e descereberar...
pelo fato de vivermos...
sempre, distantes...
lugares, pessoas...
descobrindo sozinhos...
separados...
jamais houve uma comemoração...
de nós...
uma ciranda...
um esquecer o mundo...
por um momento...
depois do juntar...
o romântico nos fugiu...
e a burocracia, instalou-se...
concordas? ou estás de acordo?
em silêncio...
sem a certeza, do agora...
vivo o que amo...
e amo sem importar-me com a vida...
a incrível, formosíssima flor...
que sprekeliando... ou esquecendo a delicadeza...
da primavera...
compartilha comigo...
seu agora...
reflito...
calo...
na loucura...
do embalo...
da cor...
e o amargo...
da...
união...

Duka Souto

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Fim da primavera...

Hoje o pássaro...
canta a melodia triste...
que anuncia o fim da primavera...
tristeza tamanha...
pra ninguém existe...
em toda atmosfera...

O amor à flor...
cujas pétalas e néctar...
ao verão secaram...
é enorme a dor...
hoje se suas lágrimas...
o petrificaram...

E num céu azul....
a trovejar raios...
de coração partido...
amuado o pássaro...
fica com o silêncio...
do amor sucumbido...

Duka Souto

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Rascunho

e eu que de nada esqueço...
não lembro de me cuidar...
descrevendo o cotidiano...
escrevi algo rimando...
descarregando o meu viver...
meus amores, paixões...
temores, decepções...
nesse meu mundo de versos...
avesso e contraditório...
mero, singelo, simplório...
mesmo carregado de complexidade...
as perguntas que faço à eternidade...
das respostas, sempre existiram...
criando as dificuldades...
os dilemas...
as encruzilhadas...
contudo...
caminhando pra frente...
traçando esquemas...
a sós, pelas estradas...

DukaSouto

domingo, 16 de janeiro de 2011

Teclar-poema...

desafio de repente...
de cordel...
falar da gente...
fazer da tela...
o papel...
e do teclado...
a caneta...
unir tudo em qualquer espaço...
e virar dono do planeta..

Duka Souto

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

por Andanças

fotografo, o passar do tempo...
que mais se mostra parado...
e agora no exato momento...
com saudade e um tanto cansado...
descrevendo o tempo que não passa...
com caneta azul e papel...
se meu vôo não estivesse atrasado...
com certeza estaria no céu...
rabiscado estaria o papel...
carregado de versos da alma...
o meu grito aqui pede calma...
e meu verso circula um anel...
...

um silenciar interno...
tão calado que incomoda...
traz na palavra escrita...
do ouro amarelo, a pepita...
e o calor, d'uma noite gelada...
mas sem as pétalas da flor...
está longe... Óh meu grande amor...
que eu já não sei de mais nada...
e aqui, só pintando um poema...
com saudade de minha pequena...
aguardando pra casa embracar...
atrasado uma hora e vinte...
só me resta fazer o seguinte:
_escrever para o tempo passar...

Duka Souto

fragmento do pensar... o elo...

eu vivo, e o tempo passa...
o tempo passa...
e a morte sempre ao lado...
a uma abraço de distância do músculo do miocárdio...

Duka Souto

Tomates no calor...

O calor...
um saco de tomates...
depois de despelados...
em quarto parte...
cortados...
vinte minutos de fogo...
o Dark Side, Floydiano...
é a infância que vai tocando...
é a saudade, de novo...

O calor...
eu e os tomates...
derretendo...
eles na panela com azeite...
e eu pelo suor escorrendo...

O calor...
e a surpresa interrompendo...
um fungado no cangote...
de uma flor, que entrou no bote...
pegou no flagra eu escrevendo...

Duka Souto.