pinto aqui sentado na cadeira
uma versão derradeira
dum poema inexistente...
louco como uma longa bebedeira
e uma puta cachaceira
embolando num repente...
beata na festa da padroeira
ao lado da macumbeira
rezando e dando as mãos...
oração que se ora por inteira
cada um da sua maneira
seja branco ou tição...
o vão dessa mente inconsequente
se separa com um traço
que ninguém consegue ver...
e o laço se desfaz na tua frente
surgindo no embaraço
e o que eu tento dizer...
é coisa boba sem explicação
é viagem de doidão
que hoje ainda não fumou...
mas vive a se perder na imensidão
nas palavras o tesão
cada verso que indagou...
mas traga o cigarro pra janela
pra não incomodar ela
com a catinga da fumaça...
e faça numa folha amarela
coberta de aquarela
um cajú virando passa...
se olha a lua toda prateada
com a boca arreganhada
cara de abestalhado...
pegando o pandeiro na embolada
numa rima bem quebrada
o som fica arretado...
eu posso passar a noite todinha
com essa brincadeirinha
de rimar visse doutor!?
mas tenho que sair mesmo agorinha
por que tem gente na linha
querendo o computador.